Psicóloga promove conscientização do Setembro Amarelo: Um Chamado ao Cuidado e Prevenção do Suicídio

Por muito tempo, o silêncio envolveu o assunto delicado do suicídio, temendo que a discussão pudesse desencadear um contágio preocupante, conhecido como “Efeito Werther”. No entanto, hoje, compreendemos que falar abertamente e elevar a consciência são pilares fundamentais na prevenção do suicídio.

Estatísticas Alarmantes

Dados atualizados revelam que os casos de suicídio diminuíram 43% no Brasil em uma década, passando de 9.454, em 2010, para 13.523, em 2019. Entre os adolescentes, o aumento foi ainda mais alarmante, atingindo 81%, indo de 3,5 suicídios por 100 mil adolescentes para 6,4. Nos casos envolvendo menores de 14 anos, houve um aumento dramático de 113% na taxa de mortalidade por suicídios de 2010 a 2013, fazendo do suicídio a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

Os números são preocupantes e destacam a urgência de abordar esse problema de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que, a cada dia, 38 pessoas tiram a própria vida no Brasil. Além disso, para cada caso de suicídio, há até 20 tentativas frustradas.

A Importância da Conscientização e Prevenção

A psicóloga Mariana Zieza destaca: “O suicídio é uma resposta permanente para problemas temporários. É um momento de desespero profundo e de desesperança. No entanto, é fundamental lembrar, que não precisamos passar por momentos difíceis sozinhos. Perceber isso, e buscar ajuda, não é sinal de fraqueza, e sim, de saúde mental.

O suicídio é multifatorial, não se limitando apenas às lutas contra a depressão. Nossa saúde física, mental e relações interpessoais são partes interligadas de nossa existência.

Identificando Sinais

Existem grupos vulneráveis, pessoas que enfrentam situações difíceis. “Poderia ser qualquer um de nós. Portanto, a empatia é essencial. Precisamos retomar o olhar para as pessoas, enxergar além das palavras, observar mudanças de comportamento, isolamento, alterações no apetite, aumento da agressividade, e, crucialmente, prestar atenção ao que a pessoa expressa. Se alguém fala sobre desejos de morte, falta de ânimo e desinteresse contínuo, esses são sinais de um pedido de ajuda”, afirma a psicóloga.

Momentos Críticos

“Momentos de transição, como a adolescência e a velhice, são períodos em que a vigilância deve ser redobrada. Essas fases frequentemente trazem mudanças significativas. Para os adolescentes, é a hora de se distanciar das brincadeiras e enfrentar as novas responsabilidades, para a construção da autonomia. Já para os idosos, tem a chegada da aposentadoria e a saída dos filhos de casa, o que pode levar a uma sensação de inutilidade. Essas etapas desativam a busca por novos propósitos e propósitos na vida”, conclui à especialista.

Não Generalizar o Sofrimento

É crucial não generalizar o sofrimento. Cada indivíduo lida de maneira única com suas dores. Julgar ou minimizar tais sentimentos é contraproducente e prejudicial.

Recursos de Ajuda

Ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV) através do número 188. Eles oferecem apoio emocional e prevenção do suicídio, de forma voluntária e confidencial, 24 horas por dia, todos os dias.

Sobre a especialista

Mariana Zieza

Psicóloga, com 12 anos de experiência em atendimento clínico e organizacional. Fez MBA em Gestão de Negócios pela USP, Pós-graduação em Psicologia clínica, pelo IGT – Instituto de Gestalt-Terapia e pela UAI – Universidad Abierta Interamericana – Argentina.