Taxação de Trump pode prejudicar produção de aço no estado do Rio, analisa Leo Santos

Fábio Soares

Em junho, o estado do Rio de Janeiro produziu 750 mil toneladas de aço bruto, respondendo por 26,5% da produção nacional. No acumulado do primeiro semestre de 2025, a produção fluminense chegou a 4,4 milhões de toneladas, um avanço de 4,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados do Instituto Aço Brasil.

Mas enquanto os números animam, o mercado já sente os primeiros impactos da nova política comercial dos Estados Unidos. O governo de Donald Trump impôs uma tarifa de 50% sobre o aço brasileiro, medida que já está resultando na suspensão de importações de ferro gusa, matéria-prima essencial do setor.

Para o empresário e pós-graduando em gestão pública Leo Santos, o momento exige ação rápida:

– O Rio de Janeiro vem se destacando como potência na produção de aço, mas essa medida protecionista dos EUA pode comprometer toda a cadeia produtiva, pois essa perda de competitividade ameaça diretamente empregos, investimentos e o crescimento do setor. A curto prazo, é fundamental buscar novos mercados e renegociar acordos internacionais. A médio prazo, precisamos fortalecer o consumo interno – afirma.

Diante dos desafios no cenário internacional, ganha protagonismo a Lei do Aço do Estado do Rio de Janeiro (Lei 8.960/2020) criada para estimular o setor siderúrgico local. A norma estabelece benefícios fiscais e incentivos diretos para empresas do setor metalmecânico, especialmente nas regiões industriais do interior do estado.

Entre os principais dispositivos, estão a redução do ICMS para 3% na comercialização de produtos metálicos e o diferimento do imposto na aquisição de máquinas e insumos importados sem similar produzido localmente. A medida busca corrigir distorções fiscais com outros estados e atrair investimentos.

A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), em parceria com o Metalsul, foi fundamental na construção técnica e política da lei, que teve como autor o deputado estadual Gustavo Tutuca e co-autor o então deputado Marcelo Cabeleireiro.

Leo Santos analisa que a Lei do Aço pode ser a medida de proteção que o setor precisa neste momento. “Com a retração do mercado externo, incentivar a demanda interna pode ser a alternativa para manter a produção ativa e evitar retrações graves”, reforça o empresário.

Por fim, Leo destaca que, enquanto o Rio avança, o Brasil como um todo teve crescimento tímido no setor. A produção nacional de aço bruto em junho foi de 2,8 milhões de toneladas, totalizando 16,4 milhões no primeiro semestre – alta de apenas 0,5% frente a 2024.

Fotos: imagem gerada por IA

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